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O que depressão tem a ver com doença cardíaca?

Roberto Kalil

26/08/2019 04h00

Crédito: iStock

A depressão é a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo, e será um dos principais problemas de saúde pública nas próximas décadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), já são 350 milhões de pessoas sofrendo com o transtorno no mundo. No Brasil, 5,8% da população sofre com depressão — o que significa mais de 11,5 milhões de pessoas.

A doença é caracterizada por um transtorno mental, que produz alterações de humor. Tais mudanças são caracterizadas por tristeza profunda, relacionada com sentimentos de dor, baixa autoestima, distúrbios do sono e apetite, além de falta de concentração. Em casos mais graves, a depressão também pode resultar em suicídio — sendo atualmente registrados 800 mil casos no mundo.

Nos últimos anos, temos observado que a depressão não apenas é mais prevalente em pacientes com doenças cardíacas, como também é fator de risco para o desenvolvimento de doenças do coração —o que acaba sendo ainda mais grave nestes pacientes.

Algumas teorias sugerem que mecanismos causais de doenças coronárias (infarto, angina) e de insuficiência cardíaca, são semelhantes aos relacionados às causas de depressão. Os principais mecanismos propostos são:

  1. Hipercortisolemia;
  2. Hiperatividade simpática;
  3. Anormalidades plaquetárias levando a fenômenos trombóticos;
  4. Ativação do sistema imunológico promovendo inflamação;
  5. Fatores genéticos;
  6. Associação da depressão com comportamentos que predispõem à doença cardíaca.

Os pacientes com depressão alimentam-se de maneira inadequada, tem maior prevalência de tabagismo, de sedentarismo e, portanto, maior incidência de diabetes e de níveis elevados de colesterol e triglicérides no sangue. Todos esses fatores resultam em maior chance e gravidade de doença cardíaca.

Hoje, sabe-se que pacientes com depressão têm um risco de mortalidade quatro vezes maior após 6 a 18 meses do evento de infarto agudo do miocárdio infarto agudo do miocárdio. A Associação Americana de Cardiologia recomenda o tratamento da depressão como importante intervenção para melhorar o prognóstico da doença cardíaca. Evidências atuais demonstram que o tratamento adequado da depressão melhora o prognóstico da doença cardiovascular.

Assim, devemos ressaltar a importância do diagnóstico e do tratamento da depressão na população geral — não só visando o equilíbrio mental, mas também tendo como objetivo promover a saúde cardiovascular. Enfrentar a depressão é necessário, pois trata-se de um problema de saúde pública com impacto na qualidade de vida de milhões de pessoas.

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Sobre o Autor

Roberto Kalil Filho é médico cardiologista, professor titular da disciplina de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), presidente do Instituto do Coração (inCor/HCFMUSP) e diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês. É responsável pelo portal de saúde Dr Kalil Coração & Vida, consultor do quadro Bem Estar, do programa ‘Encontro’, da Rede Globo, e estreou o programa Minuto do Coração, na Jovem Pan.

Sobre o Blog

Professor titular de Cardiologia, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Roberto Kalil Filho vai falar sobre saúde do coração, e de outros temas relacionados a bem-estar, como longevidade, exercícios físicos e alimentação saudável. Dr.Kalil, que também preside o Instituto do Coração (InCor) e dirige o Departamento de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, vai compartilhar sugestões para que os brasileiros vivam mais e melhor. E não é difícil. Segundo ele, basta ter uma rotina equilibrada e cuidar bem do coração.